Cada vez é mais comum, os casais partilharem tudo menos as suas finanças. A possibilidade de viverem vidas financeiramente independentes tem prometido eliminar a maior causa de conflitos no casamento: as finanças. No entanto, as estatísticas mostram que cada vez há mais divórcios e que a causa que mais cresce é a área financeira. Curioso não?
Se é verdade que alguns casais conseguem reduzir conflitos com contas separadas e habituam-se a esse tipo de dinâmica, é verdade que os níveis de satisfação no seu relacionamento são inferiores aos que partilham as suas finanças segundo o mais recente estudo da Sociedade Americana de psicologia. (pode encontrar aqui o estudo).
Contas conjuntas ou separadas?
Como cristãos, como nos enquadramos nesta moda? Faz sentido num casamento a separação das finanças? Em termos práticos, sempre tive evidência que quando casais trabalham juntos nas suas finanças chegam mais longe, comunicam mais, partilham objetivos e têm menos conflitos.
Tendo o GPS financeiro uma visão bíblica sobre finanças, precisamos olhar para a visão bíblica do casamento. Claramente a Bíblia nos diz que um casamento implica dois serem um e sendo as finanças uma área importantíssima na nossa vida, esse princípio de unidade precisa estar presente.
A verdade sobre contas separadas para casais: o que isso pode comunicar.
Vamos analisar quais as vantagens dos casais terem contas separadas e como elas podem ser enganadoras.
1. Independência. Algumas pessoas preferem manter suas finanças separadas para ter mais independência e liberdade nas suas decisões financeiras. No entanto, precisamos de refletir que casamento e independência são conceitos contraditórios. Segundo a Bíblia, o casamento é uma união entre duas pessoas, e que o casal deve trabalhar para se tornar “uma só carne” (Gênesis 2:24). Isso significa que, os cônjuges devem buscar a unidade e a cooperação em vez da independência individual de forma a construirem um casamento duradouro.
2. Hábitos de consumo distintos. Todos nós temos perfis financeiros e formas de lidar com dinheiro diferentes. Muitos casais alegam que padrões de consumo diferentes levam a conflitos e que a separação das finanças pode resolver o problema. No entanto, essa paz aparente é temporária. Certamente essas diferenças no relacionamento com o dinheiro vão surgir diariamente. Por exemplo: se um cônjuge é poupado e o outro gastador, a médio longo prazo, o poupado vai sentir que está a remar sozinho em busca dos objetivos financeiros da família.
3. Preservação da privacidade financeira: Algumas pessoas podem preferir manter suas despesas e receitas em segredo, e uma conta bancária separada pode ajudar a manter essa privacidade financeira. Ora, este ponto vai alimentar a falta de comunicação financeira que é um dos fatores mais importantes para o sucesso de um casamento. A ocultação de despesas pode gerar um problema: a infidelidade financeira.
4. Contribuição igualitária. Muitos casais encaram a gestão financeira da família como uma sociedade por quotas em que marido e mulher devem contribuir da mesma proporção para o lar. Embora a ideia possa parecer justa, essa abordagem pode levar a conflitos no relacionamento. Os cônjuges podem ter rendimentos muito diferentes e isso pode levar a desigualdades na contribuição, causando ressentimentos e desentendimentos. Para além disso, pode ser difícil haver flexibilidade. Por exemplo, se um parceiro passar por dificuldades financeiras, pode ser difícil para o outro parceiro ajudar sem parecer injusto ou desigual. Se por outro lado, optarem por contribuições diferentes, isso pode levar a ressentimentos, frustrações e causar problemas de comunicação.
Não menos importante, um cônjuge pode por exemplo contribuir mais com o trabalho doméstico que não é remunerado e apoiar mais a família enquanto o outro trabalha mais e tem um salário superior. A contribuição financeira nunca conseguirá valorizar o trabalho não remunerado em prol da família.
5. Segurança para uma separação futura. Preparar-se financeiramente para um divórcio pode criar uma atmosfera de desconfiança e falta de compromisso. De igual forma, pode levar a um sentimento de pessimismo e falta de esperança para o futuro do casamento. Isso pode tornar-se uma profecia, onde o casal se prepara para um possível divórcio e torna essa opção muito acessível.
Em vez de se preparar financeiramente para um divórcio, os casais devem trabalhar juntos para construir um futuro financeiro sólido e comprometido um com o outro. Isso inclui conversas honestas sobre finanças, orçamento em conjunto, planeamento financeiro de longo prazo e cooperação mútua para alcançar objetivos financeiros comuns.
Por que conta conjunta pode ser a chave para um relacionamento saudável.
Aqui apresentamos as vantagens dos casais optarem por uma conta conjunta:
1. Redução de despesas bancárias. Esta é a vantagem mais evidente. Ter uma conta conjunta pode reduzir as despesas bancárias, pois o casal não precisa pagar comissões para manter duas contas separadas.
2. Facilidade na gestão financeira e controlo de gastos. Com uma conta conjunta, é mais fácil gerir as finanças do casal, pois todas as despesas e receitas são registradas numa única conta.Ter uma conta bancária conjunta pode simplificar o pagamento de contas e despesas do lar. Ao ter uma visão clara das despesas, o casal pode controlar melhor seus gastos e tomar decisões financeiras mais informadas.
3. Transparência financeira: Uma conta conjunta pode ajudar a criar transparência nas finanças do casal, permitindo que ambos os parceiros tenham uma visão clara de todas as despesas e receitas. Desta forma há diminuição do risco de haver infidelidade financeira.
4. Trabalho em equipa e cooperação financeira. Ao partilhar uma conta bancária, o casal é incentivado a trabalhar em conjunto para gerir suas finanças, o que pode aumentar a cooperação e o compromisso financeiro mútuo. Casais que partilham as suas finanças demonstram espírito de equipa.
5. Diferença de rendimentos. Um dos gatilhos mais destruidores que pode causar conflitos financeiros é a diferença de rendimentos. Quando casais partilham conta bancária e trabalham em equipa, não há lugar para a comparação mas sim para união.
6. Apoio mútuo em momentos de crise. Quando os casais têm contas bancária conjunta, eles geralmente têm acesso a mais recursos financeiros em conjunto. Isso pode permitir que eles sejam mais flexíveis financeiramente e lidem melhor com uma crise. É comum que os casais se sintam psicologicamente fragilizados nestes momentos e desta forma podem se apoiar emocionalmente e se unir para enfrentar a situação juntos.
7. Objetivos financeiros alcançados. Quando um casal trabalha em equipa em prol dos objetivos financeiros da família, alcançam o sucesso muito mais rápido do que de forma individual.
8. Valorização do trabalho doméstico. É comum um membro do casal trabalhar menos ou sacrificar mais a sua carreira profissional em prol da família. Nesse caso, o outro cônjuge pode dedicar-me mais ao seu trabalho. Havendo conta conjunta e unidade financeira, o esforço de ambos será valorizado de igual forma.
Por fim, e não menos importante, a forma como gerimos o dinheiro no nosso casamento comunica algo ao nosso cônjuge. Ter uma conta conjunta comunica confiança, unidade, transparência, compromisso e que são verdadeiramente uma equipa!