Uma das formas de começarmos um orçamento familiar é adotar um modelo de orçamento já existente. Aqui trazemos o modelo de Scott Page no seu famoso livro “The barefoot investor” (numa tradução à letra “o investidor pé descalço”). O modelo consiste em dividir o orçamento em 60% para as coisas essenciais, 20% para provisão futura (poupanças) e 20% para as coisas que nos fazem sorrir.
Porquê pensar em percentagens?
Estes modelos de percentagens são extremamente úteis porque nos mostram o peso e a importância que cada despesa está a ter no nosso orçamento e, por conseguinte, na nossa vida. Quando pensamos em percentagens conseguimos definir o que é prioritário e até onde podemos ir em determinada despesa. De facto, é uma análise que pode dar uma visão mais profunda de como estamos a usar o nosso dinheiro.
O modelo 60/20/20 pode ser um bom exemplo para compararmos com o nosso orçamento atual. Será que estamos a gastar demais em algo? Estaremos a gastar de menos noutra coisa? Analise e reflita sobre o seu orçamento.
Modelo 60/20/20 à luz da Bíblia:
60% para coisas essenciais:
Submetendo esta regra à luz da Bíblia, as coisas essenciais são, segundo 1 Timóteo 6:8, ter o que comer e o que vestir (algumas traduções usam “sustento”, mas veja a tradução da BPT aqui). No texto grego original trata-se mesmo de alimento, o que, de acordo com o apóstolo Paulo é o suficiente para com isso vivermos contentes. O que na verdade é a provisão básica prometida por Deus segundo as palavras de Jesus em Mateus 6:25-32.
Propomos então incluir nesta categoria:
– Para “o que vestir” e aqui incluiria, para além do vestuário, tudo o que tem a ver com abrigo (proteção do corpo) ou seja, a casa (aluguer ou prestação, luz, água, gás, internet, etc.)
– Para “o que comer” e aqui incluiria, para além da alimentação e as despesas com saúde.
20% para poupança:
À luz da Bíblia, propomos também uma divisão em duas partes de 10% + 10% destinando:
- 10% – Para poupança, porque essa é a instrução de Provérbios 21:20 (veja artigo “7 Objetivos para a sua poupança!“)
- 10% – para generosidade (que é um dos objetivos mencionados no artigo citado). Essa generosidade poderá ter destino religioso, social ou ambos.
E porquê reduzir as poupanças em favor da generosidade?
Primeiramente, precisamos entender as promessas bíblicas. Jesus promete provisão em Mateus 6:25-34 dentro de determinadas condições que, se as cumprirmos, estamos à vontade para reduzir para metade a percentagem para as poupanças sugerida por Scott Page.
A generosidade associada a gratidão é também alvo de muitas promessas de provisão no Antigo Testamento (ver leis referentes às primícias e aos dízimos em Deuteronómio capítulo 16 e capítulo 26). E Provérbios 22:9 diz taxativamente: “Aquele que é generoso será abençoado, porque reparte o seu alimento com os pobres.” BPT.
20% para coisas que nos fazem sorrir:
Propomos incluir nesta categoria não só o entretenimento, mas sobretudo aquilo que nos instrui. A educação em Portugal é tendencialmente gratuita, mas depois de sair da escola, não deixe de continuar a instruir-se (veja Provérbios 2:1-15, a Sabedoria não tem preço).
Portanto, inclua nesta categoria educação, entretenimento, lazer, férias, restaurantes ou outra despesa extra que contribua para o bem-estar da família.
Para além disso, também pode considerar o transporte nesta categoria caso também o use para passear.
Certamente, cada família deverá ter um orçamento adaptado à sua realidade financeira. Algumas categorias poderão sofrer modificações. No entanto, use este modelo para refletir. Quão perto está o seu orçamento deste modelo? Há alguma despesa que esteja a pesar demais nas suas finanças?
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