Já ouviu falar em adaptação hedónica? Representa o processo pelo qual as pessoas perseguem ter algo ou ter mais e melhor constantemente, não obtendo satisfação extra com isso. Este conceito tem sido estudado em várias áreas onde se concluiu que as pessoas vão se adaptando a novas mudanças na sua vida, voltando sempre ao nível felicidade inicial. Em relação às finanças, apesar da melhoria financeira, as pessoas tendem a voltar ao nível de satisfação financeira constante apesar de eventos financeiros positivos. Por outras palavras, explica porque popularmente é assumido que o dinheiro não traz felicidade. Por exemplo, uma pessoa pode se sentir muito feliz por adquirir um carro novo ou receber uma promoção profissional, mas eventualmente esse sentimento positivo irá se dissipar com o tempo.

A questão está na satisfação temporária que o dinheiro e os bens nos trazem. Ela é de facto temporária pois nós acabamos por nos habituar a elas. O jogo de querer “acompanhar sempre o vizinho” é bastante perigoso pois nunca iremos ganhá-lo. Há sempre alguém que tem mais do que nós e aqui é que entra a adaptação hedónica. Achamos que obter A ou B vai nos trazer satisfação mas trata-se de uma ilusão.

Adaptação hedónica

Acreditamos que se não temos tudo o que queremos e desejamos, então talvez possamos comprar algo melhor, maior e mais caro e assim encontrar a satisfação. Acreditamos que por magia a aquisição de mais coisas, irá trazer uma transformação interior. Mas a felicidade não a vamos encontrar aqui pois de outra forma entramos numa roda sem fim. O problema é muito mais profundo e está no nosso interior. 

Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.
Eclesiastes 5:10

O contentamento bíblico é o segredo?

O dinheiro em si não traz felicidade duradoura. A verdadeira felicidade não é um produto de procurarmos sempre o melhor mas sim um estado de contentamento e gratidão com o que temos. Muitas vezes a procura por algo melhor leva-nos a um estado de desastre financeiro que ainda nos destrói mais. O contentamento não é algo que possamos comprar numa loja, é algo que necessita ser desenvolvido espiritualmente e com um relacionamento com Deus. A menos que desenvolvamos um estado de satisfação com o que temos, não iremos resolver os nossos problemas financeiros. O contentamento torna-se um antídoto fundamental para vários problemas financeiros como o endividamento, o consumo compulsivo e a falta de poupança.

Como posso ser mais contente?

Segundo a Bíblia para desenvolvermos o contentamento, necessitamos de uma atitude de gratidão constante no nosso dia a dia. Quanto mais praticamos a gratidão pelas pequenas coisas mais conscientes nos tornamos daquilo que possuímos e menos desejamos o que não temos. Em segundo lugar, a generosidade, o foco no outro é fundamental para afastarmos o nosso individualismo. Quanto mais nos focamos nas necessidades dos outros menos olhamos para os nossos desejos egoístas. A generosidade é o único caminho que nos permite aumentar a satisfação com o uso do dinheiro a partir do nosso ponto de suficiência. Em terceiro lugar, procure controlar os seus pensamentos e impulsos através de estratégias racionais como desenvolver um orçamento e adotar a estratégia da compra SMART. 

Gráfico demonstrativo do ponto de suficiência.

Por fim e o mais importante, precisamos de compreender que quando o dinheiro domina o nosso coração e se torna objeto do nosso amor, vamos entrar numa onda de consumismo prejudicial. Precisamos recordar que fomos criados para amar a Deus e amar o nosso próximo. Precisamos de procurar um relacionamento com Deus, confiar na sua provisão e compreender qual é a visão bíblica do dinheiro. Quando adquirimos a visão correta sobre o mundo, sobre nós e sobre os bens iremos desenvolver maturidade financeira.

Caso queira compreender mais o que é o contentamento bíblico: leia este artigo. 

 

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Economista e cristã com dedicação ao estudo de finanças à luz da Bíblia. Fundadora e formadora do curso GPS financeiro.

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